● Elizeu Pires

Desde fevereiro entrando e saída da pauta de julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o agravo regimental impetrado pela defesa do prefeito de Itaguaí, Rubem Vieira de Souza, o Rubão (Podemos), era para ter passado pelo plenário na sessão da última terça-feira (5), mas ficou para ser julgado na manhã de hoje (7). Porém, alguns dos que estão acompanhando o processo acreditam que ele poderá não ser concluído nesta quinta-feira, porque dois ministros empossados há apenas dois dias, em tese, não teriam conhecimento dos autos e poderiam vir a apresentar pedidos de vistas. Se isto acontecer, poderá estar sendo reprisada uma novela já passada em Itatiaia, que, por sinal, teve capítulos bastantes desagradáveis para a população daquele município.
A situação jurídica de Rubão é idêntica a do ex-prefeito de Itatiaia, Eduardo Guedes, o Dudu, que entrou na disputa eleitoral de 2020 mesmo sabendo que não poderia ser candidato, pois já estava na condição de reeleito. Guedes foi para as urnas sub judice, ganhou as eleições, mas não levou. Descontente com as seguidas derrotas na Justiça, ficou impetrando recursos para retardar a marcação de uma eleição suplementar, que só foi acontecer no dia 13 de março de 2022, depois de três aliados de Dudu terem passado pela Prefeitura.
Insistência – Eduardo Guedes era presidente da Câmara de Vereadores e, em agosto de 2016, assumiu a Prefeitura com a cassação do prefeito Luis Carlos Ypê. No mesmo ano Guedes disputou as eleições e venceu, o que, para a Justiça, foi um caso de reeleição para um segundo mandato. Dudu registrou candidatura em 2020 e esta foi impugnada em todas as instâncias, mesmo assim teimou em sustentar uma batalha jurídica que todos ao seu redor já sabiam perdida. Então Eduardo tratou de batalhar para retardar a eleição suplementar para que seu grupo continuasse no poder.
Rubão também era presidente da Câmara e, em julho de 2020, se tornou prefeito por conta da cassação do prefeito Carlo Busatto Junior, o Charlinho. Naquele ano, em novembro, foi eleito para o cargo, mas em 2024 se achou no direito de tentar mais um mandato e acabou sendo o mais votado, mas só conseguiu tomar posse no dia 18 junho, graças a uma liminar do ministro Dias Toffoli, que lhe assegurou a assunção ao cargo até que o TSE julgue do processo que vem se arrastando desde fevereiro.
Três interinos em um ano e dois meses – Com Dudu impedido de assumir, a administração municipal de Itatiaia foi entregue, em 1º de janeiro de 2021, ao então presidente da Câmara de Vereadores, Imberê Moreira Alves, que no dia 8 de junho foi afastado do cargo por decisão judicial, no âmbito da operação Apanthropía, do Ministério Público, que apurava uma série de irregularidades que teria sido praticada na gestão interina de Imberê e apontou para um esquema de corrupção com recursos da Saúde.
A cadeira esvaziada com a saída de Moreira Alves foi ocupada por Silvano Rodrigues, o Vaninho, que também foi alvo de operação do MP, a Apanthropía II. Silvano foi substituído pelo terceiro prefeito interino, Thiago Rodrigues Moreira, que governou até 31 de março de 2022, quando Irineu Nogueira, eleito no pleito suplementar tomou posse.