O uso de carros de luxo e helicóptero por um prefeito que não declarou nenhum bem chama a atenção das autoridades e revolta os moradores de uma cidade cheia de problemas. Denúncias serão apuradas pelo MP e o TCE

Embora não tenha declarado nenhum bem à Justiça Eleitoral ao registrar sua candidatura em 2012, o prefeito de Itaguaí, Luciano Motta, passou a ostentar bastante desde que assumiu o governo e agora vai ter de se explicar. Em setembro a Polícia Federal apreendeu uma Ferrari amarela avaliada em R$ 1,5 milhão, mas, segundo foi denunciado ao Ministério Público, ele estaria usando ainda uma lancha, uma Land Rover, um Porsche, uma moto BMW e um helicóptero. Essa ostentação toda chama a atenção para uma série de irregularidades na Prefeitura, envolvendo supostas fraudes em processos licitatórios e contratos milionários feitos sem concorrência, inclusive para a locação de máquinas, equipamentos e veículos. Além de inquérito que corre em segredo de justiça na Polícia Federal, Luciano será investigado agora pelo MP e pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ).

O prefeito tomou posse no dia 1º de janeiro de 2013 e em março  do mesmo anojá era alvo do Tribunal de Contas, devido a um contrato de aluguel de automóveis, pelo qual Luciano comprometeu R$ 7,1 milhões por um período de um ano. Nesse contrato, que já venceu e só não foi renovado por conta da intervenção do TCE, foram locados 185 veículos e o que está sendo apurado é se a totalidade deles foi disponibilizada para a administração municipal, uma vez que existe uma forte suspeita de que a Ferrari apreendida e já devolvida a uma pessoa que se apresentou como proprietário, fazia parte da frota alugada.

Contando com o corpo mole da Câmara de Vereadores, o prefeito não tem nenhum tipo de problema no Poder Legislativo e todas as denúncias que chegam à Casa, revela um parlamentar que diz não fazer parte do esquema, “são engavetas pelo presidente Nisan César dos Reis, que não foi encontrado para falar sobre o assunto. Entre as denúncias que deverão ser apuradas pelo MP, uma dá conta do suposto uso de “laranjas” nos contratos.

Luciano Motta foi procurado para falar sobre o assunto, mas não foi encontrado. A sua volta uma barreira de seguranças comandados pelo oficial da Polícia Militar André Fernandes Barbosa, impede o acesso ao “todo poderoso”, acusado de usar sua tropa particular para intimidar que ousa criticá-lo. André foi nomeado secretário de Ordem Pública mesmo sob suspeita de envolvimento com o grupo de milicianos Liga da Justiça, que age na zona oeste do Rio.