Registro em cartório derrubou fraude em Guapimirim

Empresa do concurso de 2001 tomou o cuidado para preservar resultado real

Quando decidiram manipular o resultado final do processo seletivo realizado pela Prefeitura de Guapimirim em 2001 os autores da fraude que gerou a demissão da grande maioria dos “aprovados” empossados na gestão do ex-prefeito Ailton Vivas, não imaginavam que a empresa M.V.G.S. Sistema e Serviços Ltda., responsável pela realização desse certame, iria jogar por terra a armação, registrando em cartório o resultado verdadeiro. As investigações feitas pela Procuradoria Geral do Município constataram diversas irregularidades nos atos de convocação e posse, o que causou a demissão de centenas desses “aprovados”. Comparando o resultado final registrado em cartório com a listagem manipulada, percebeu-se absurdos como o de candidatos classificados em posições infinitamente distantes do número de vagas, que chegaram a ser empossados dentro da quantidade de vagas do edital, passando por cima, em alguns casos, de mais de mil candidatos.

O elizeupires.com teve acesso ontem ao volumoso processo e o que se vê é um verdadeiro caso de polícia. O processo administrativo 11520/08, por exemplo, mostra que Marinete dos Santos Silva ficou na 1187ª colocação para o cargo de Professor II, com apenas 50 vagas no edital, mas tomou posse. Ao depor na comissão de inquérito ela disse que não ficou sabendo de sua colocação. Outro absurdo ficou comprovado no inquérito administrativo 11405/2008: Monique Barbosa Peçanha, 1063ª colocada, foi empossada no cargo de  Fiscal Tributário, também com apenas 50 vagas no edital. Há ainda o caso de Jilsara Siqueira Paixão (inquérito 11050/08), 433ª colocada, empossada como servente, função com apenas 75 vagas no edital e o caso de Sônia Maria Gaivoto Vieira, que fez concurso para auxiliar de administração (26) vagas e foi empossada embora tenha ficado na 572ª posição.

“O que se viu foi um festival de fraudes. As irregularidades não aconteceram durante o concurso, mas na manipulação do resultado final. Nós comparamos a listagem oficial registrada em cartório e constatamos o absurdo. Ao todo foram abertos 532 inquéritos administrativos e quem passou legalmente foi reintegrado e está trabalhando”, explicou o procurador Sidley Fernandes Pereira.

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