● Elizeu Pires
Aberta em setembro de 2012, a SS Representações e Serviços não tem nenhum negócio com a Prefeitura de Queimados. A atividade principal da empresa – que consta como sediada no bairro Vila Capri, no município de Araruama – é impressão de material publicitário, mas é no nome dela que aparece no sistema o contrato da polêmica compra de R$ 7,3 milhões em tablets, feita sem licitação pela gestão do prefeito Glauco Kaizer no pagar das luzes de 2021, com pagamento integral dois dias após a assinatura do instrumento contratual em favor da Conesul Comercial e Tecnologia Educacional, cujo proprietário chegou a ser preso por ordem do Tribunal de Justiça da Paraíba, prisão decretada no âmbito de inquérito aberto pelo Ministério Público para investigar um esquema de corrupção nos setores de Saúde e Educação naquele estado.
Conforme já foi revelado pelo elizeupires.com, a Prefeitura limitou-se a publicar extratos com valor global em nome da Conesul, deixando de informar a quantidade adquirida, marca, valor unitário e origem da ata de registro de preços aderida. Agora, passados quase três meses desde o pagamento da despesa, é que se sabe desses detalhes, informações que também não constam no contrato 07/21, documento que não era encontrado no Portal da Transparência, simplesmente porque estava registrado no sistema em nome da SS Representações, o que pode ser conferido aqui.
Depois da casa arrombada a correção – A primeira matéria sobre a polêmica transação entre a Prefeitura de Queimados e a Conesul foi publicada no dia 24 de dezembro. Nesse dia a secretaria de Comunicação do município Dayane Aragoso fez contato com o elizeupires.com e prometeu emitir uma nota oficial ao elizeupires.com com as devidas informações, o que nunca aconteceu.
De lá para cá, como a Prefeitura não liberava os dados sobre o processo de compra dos tablets, passaram a ser feitas buscas diárias no que o prefeito da cidade tem coragem de chamar de Portal da Transparência, mas o contrato não era encontrado porque fora colocado no site em nome de outra empresa.
Agora, com investigações do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) e do Ministério Público, a Prefeitura está fazendo a “correção”, alegando ter ocorrido um “erro material”, uma “falha de digitação” que possibilitou que o contrato ficasse camuflado por quase 90 dias e está provocando ainda mais questionamentos sobre a falta de transparência no processo de aquisição de um dispositivo de marca desconhecida no mercado por um valor altíssimo.
*O espaço está aberto para manifestação da Prefeitura de Queimados.
Matérias relacionadas: