Delator diz que maior empresa de ônibus da Baixada pagava propina

Operador financeiro do ex-governador Sérgio Cabral “entregou” agentes públicos, políticos e empresários do setor de transporte de passageiros

● Elizeu Pires

Operador financeiro do sistema criminoso do ex-governador Sérgio Cabral, Luiz Carlos Bezerra contou ao Ministério Público Federal que recolhia propina também na sede da empresa Flores, localizada em São João de Meriti. A Flores é controlada pelo empresário José Alves Lavouras, também conhecido como “rei dos ônibus” na região, por ser proprietário de uma das maiores frotas no estado do Rio de Janeiro. Bezerra confirmou ainda que os codinomes “Jardim”, “Flowers” e “Garden” constantes de anotações de contabilidade feitas em agendas, apreendidas durante a deflagração da Operação Calicute, em novembro de 2016, referem-se a José Carlos Reis Lavouras (foto), que também tem sociedade em mais 13 empresas de transporte de passageiros.

As informações foram passadas pela assessoria de impressa do MPF em nota sobre a operação Ponto Final iniciada na noite de domingo, com continuidade na manha desta segunda-feira. A operação, que é mais um desdobramento das investigações da Força-Tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro, tem como objetivo “desbaratar organização criminosa, atuante no setor de transportes, responsável pelo pagamento de mais de R$ 260 milhões a políticos e agentes públicos”.  A pedido do MPF o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Federal Criminal expediu nove mandados de prisão temporária contra nove pessoas, entre elas o empresário Jacob Barata Filho, o presidente-executivo da Fetranspor Lélis Teixeira e o ex-presidente do Detro Rogério Onofre.

De acordo com o MPF, as investigações levaram a vários núcleos e operadores financeiros da organização criminosa e foram confirmados os pagamentos de propinas nos moldes dos realizados pelas empreiteiras, só que dessa vez no setor de transporte público com o objetivo de garantir tarifas e contratos com o governo do estado do Rio. O esquema, apontou o inquérito, rendeu R$ 122,8 milhões a Sergio Cabral e R$ 44,1 milhões a Rogério Onofre, que antes de assumir a presidência do Detro foi prefeito de Paraíba do Sul.

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