Ong que faturou cerca de R$ 90 milhões em Guapimirim para fornecer mão de obra recebia por três e pagava por um

Condenada por improbidade administrativa junto com os ex-prefeitos Renato da Costa Mello Júnior e Marcos Aurélio Dias, a organização não-governamental Casa Espírita Tesloo – rebatizada como Obra Social São João Batista – recebeu da Prefeitura de Guapimirim entre 2012 e 2015 R$ 88,4 milhões. A ONG foi contratada para fornecer mão de obra à administração municipal em 2012 e teve os contratos prorrogados até uma decisão da Justiça impedir novos aditivos. Pelo que foi apurado pelo Ministério Público os valores foram superfaturados e ao menos dois filhos e um cunhada de Marcos Aurélio recebiam salários da instituição.

De acordo com as investigações, Marcus Vinícius do Nascimento Dias, Marceli do Nascimento Dias, filhos do então prefeito e a cunhada dele, Sueli Santana da Silva, tinham sido nomeadas nas funções de assessores especiais na Prefeitura em 2013, mas depois de denúncias de nepotismo foram exonerados e contratados em fevereiro de 2014 através da ONG.

O primeiro contrato entre o município de Guapimirim e a Tesloo foi firmado em janeiro de 2012 para efetivo de 280 funcionários para a Prefeitura. Vários termos aditivos foram assinados depois, aumentando os valores a serem pagos e o número de funcionários.  Em 2015, quando o MP conseguiu na Justiça acabar com a “farra” o número de contratos era de 960, sendo que cada contratado custava aos cofres da municipalidade três vezes mais do que recebia como salário.

Em 2013, por exemplo, a então Tesloo recebia R$ 2,9 milhões por mês, uma média de R$ 10,3 mil por cada um dos 280 terceirizados. No caso dos motoristas, por exemplo, a ONG recebia da Prefeitura R$ 13,93 por hora trabalhada, R$ 111,44 por dia, R$ 3.343,20 por mês, mas o salário efetivamente pago no fim do mês passava de pouco mais de R$ 1 mil.

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