Empresa que fornece a água para a Prefeitura foi registrada logo depois da reeleição do prefeito Carlos Augusto em 2008. O abastecimento é tão precário quanto a fiscalização da Secretaria de Serviços Públicos que atesta as notas para a transportadora poder receber as faturas
Para uma cidade que já comprometeu R$ 1.43 bilhão com um programa de saneamento definido a partir de uma parceria-público privada com prazo de 15 anos e já investiu pelo menos R$ 100 milhões em redes de distribuição e outros sistemas de água potável, Rio das Ostras era para ter o líquido à vontade nas torneiras, mas o pinga gotas do abastecimento precário mostra uma realidade que remete mais ao desperdício de dinheiro público que a um programa bem planejado e de objetivo definido. Como não bastasse todo esse gasto de verbas públicas sem o real retorno para a população, a precariedade do sistema sustenta um dos melhores negócios na região, o do transporte de água “… para efetuar abastecimento de água potável em cisternas comunitárias e em próprios municipais”.
Pelo menos é isso que sugere um contrato no valor total de R$ 5.265.064,45, firmado no dia 17 de outubro de 2014 entre a Prefeitura e a empresa Top Mak Multicomercial, através da Secretaria de Serviços Públicos. Por esse instrumento o município locou 15 caminhões-pipas com capacidade para transportar 15 mil litros de água cada um por viagem, pagando anualmente R$ 351.004,30 por cada caminhão ou R$ 29.250,35 mensais por veículo. Ainda que as tais cisternas comunitárias e os próprios municipais estivessem sendo abastecidos com a regularidade reclamada, o valor empenhado é muito alto.
Além do valor do contrato e das constantes reclamações de falta de água nas comunidades que se servem das cisternas e em boa parte dos tais próprios municiais, chama a atenção o fato de a empresa contratada para abastecer essas unidades ter sido registrada em 9 de outubro de 2008, quatro dias após a reeleição do prefeito Carlos Augusto Balthazar, com o município de Rio das Ostras passando, tempos depois, a ser o melhor cliente Top Mak Multicomercial, que na gestão de Balthazar chegou a ser contratada por dispensa de licitação para fazer o abastecimento de água potável.
Nos últimos dois anos de Carlos Augusto à frente da Prefeitura, por exemplo, há registros de pelo menos quatro empenhos em nome da Top Mak (R$ 506.970,40, R$ 854.598,85, R$ 328.670,06 e R$ 234.772,44), na soma de R$ 1.925.011,75, além de outros empenhos a favor das empresas Terrapleno e Angemar, com essa última abrindo mão do contrato depois de receber R$ 745.260,00 dos cofres da municipalidade.
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