Pádua: Concessão de linhas de ônibus é vista como ação entre amigos e o prefeito da cidade vai ter que se entender com a Justiça

● Elizeu Pires

Na ação ajuizada contra o prefeito Paulo Roberto o MP fala em “emergência fabricada” – Foto: Divulgação

A entrega – de forma indireta e sem licitação – das linhas municipais de ônibus a uma empresa criada em fevereiro deste ano, deixou o prefeito de Santo Antônio de Pádua, no interior do estado do Rio de Janeiro, em maus lençóis. Paulo Roberto Pinheiro Pinto, o Paulinho da Refrigeração (PTB), foi denunciado à Justiça pelo Ministério Público e vai responder por improbidade administrativa. No entender de observadores mais atentos, a escolha por subcontratação da Autoviação Unidos Pádua para explorar o transporte público de passageiros, substituindo a Autoviação Rio Pomba, não teria passado de uma “ação entre amigos”.

De acordo com o que foi apurado pelo núcleo local da 2ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva, que ajuizou a ação contra o prefeito, ainda no período eleitoral Paulo Roberto fez reuniões com o pessoal do transporte alternativo, encontros nos quais afirmava que suspenderia contrato de concessão com a então operadora das linhas municipais, e entregaria o serviço a outra empresa. O contrato 023/2012 foi suspenso no dia 8 de abril e a recém criada empresa começou a operar no município.

Nada demais se os donos da nova concessionária do serviço público de transporte de passageiros não fossem os motoristas de vans que estiveram nas reuniões com o prefeito e a mudança de concessionária não tivesse se dado a partir do que o Ministério Público classificou de “emergência fabricada”.

Subcontratação e fraude – Embora esteja operando as linhas de ônibus locais, a Autoviação Unidos Pádua não tem nenhum contrato de concessão com a Prefeitura. A contratada pela administração municipal para “prestação de serviço público de transporte coletivo regular de passageiros” é a micro empresa Rodolfo Pinto Vinhosa, titular do contrato emergencial 07/2021, firmado no dia 9 de abril, através de um processo de escolha que, além da ação de improbidade, poderá resultar em uma ação penal.

Vencida a emergencial, a empresa Rodolfo Pinto Vinhosa terceirizou o serviço subcontratando a Unidos Pádua. Segundo o MP, a suspensão do contrato com a antiga concessionária se deu “sem que houvesse qualquer procedimento administrativo prévio a lhe dar suporte fático e jurídico”.

Ainda segundo o Ministério Público, “além da dispensa de licitação ter se baseado em uma situação de emergência fabricada, o processo administrativo foi fraudado, com a juntada de pesquisa mercadológica falsa, com a inclusão de falsos concorrentes, de forma a tornar vencedora da contratação emergencial o empresário escolhido por Paulo Roberto”.

Na ação a Promotoria de Justiça requereu ao juízo da 2ª Vara local que seja decretada a suspensão dos atos administrativos que resultaram na emergencial, para que a concessão das linhas de ônibus seja devolvida à Autoviação Rio Pomba Ltda.

*O espaço está aberto para manifestação da Prefeitura de Santo Antônio de Pádua.

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