Tanguá: Dinheiro da venda da Cedae poderá pagar compra de uma fazenda registrada em nome de empresa da irmã do prefeito de Caxias

● Elizeu Pires

Voz oposicionista solitária na Câmara Municipal de Tanguá, uma pequena cidade do estado do Rio de Janeiro, o vereador Leandro Machado Ferreira, mais conhecido como Leandro Barbeiro, tem chamado a atenção de seus pares para o que já está sendo visto como mau uso dos recursos financeiros recebidos do governo estadual pela gestão do prefeito Rodrigo Medeiros por conta da venda Cedae.

A fala do parlamentar que – vem marcando o seu mandato com uma postura firme na fiscalização dos atos do Poder Executivo – despertou observadores mais atentos para vários decretos de declaração de utilidade pública para fins de desapropriação de terras, um deles relacionado a uma fazenda de propriedade de uma irmã do prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis (MDB), emitido no final de setembro de 2021.

É que pelo que o vereador citou no plenário, Medeiros pretenderia usar cerca de R$ 8,6 milhões do dinheiro recebido para quitar aquisição de terras que considera úteis ao município. Usando a tribuna da Câmara Leandro alertou para o entendimento de que os recursos seriam mais bem aproveitados se investidos em obras de infraestrutura. Porém, ao que parece, “pregou no deserto”, pois devido a falta de postura mais contundente por parte da maioria dos membros da Casa, o Poder Legislativo de Tanguá passou a ser classificado como “um mero puxadinho do Poder Executivo”, com o prefeito mandando e os “representantes do povo” obedecendo.

Desapropriação – Conforme já revelado pelo elizeupires.com, Rodrigo Medeiros anunciou a implantação de um distrito industrial, junto com isso a desapropriação de uma área rural de 1,516 milhão de metros quadrados, terras da Fazenda Nerolândia, que está registrada em nome da empresa Primola Consultoria e Participações, que tem como sócia administradora, segundo consta na Receita Federal, Marcela Greyce Reis de Oliveira de Farias, irmã do prefeito de Duque de Caxias.

O estranho é que o decreto no qual o prefeito declara o interesse da municipalidade pela fazenda foi emitido no dia 29 de setembro do ano passado, e o documento – que foi publicado no diário oficial de 5 de novembro – não faz menção alguma ao valor a ser pago pela propriedade da irmã de Washington Reis. Agora, com o pronunciamento do vereador sobre a destinação que Medeiros pretende dar a cerca de R$ 25 milhões oriundos da venda da Cedae, com “permissão” da Câmara de Vereadores, a compra da fazenda volta a ser alvo de questionamentos.

*O espaço está aberto para manifestação da Prefeitura de Tanguá e dos demais citados na matéria.

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