Licitação do Detran para serviço de limpeza deve ir parar na Justiça

Segundo alguns operadores do setor proposta que teria sido aprovada tornaria o contrato impossível de ser executado

Realizado na última quarta-feira (18), o pregão eletrônico 006/2020 lançado pelo Departamento de Transito do Rio de Janeiro para contratar serviços de limpeza e conservação pode não ter chegado ao final, com uma nova etapa devendo ser iniciada, só que na Justiça. O resultado ainda não foi publicado no Diário Oficial, mas o que se comenta entre alguns participantes do certame é que a proposta vencedora estaria abaixo da realidade do mercado, o que tornaria o inexequível. O valor global estimado para os serviços está fixado no edital em R$18.748.488,50 por um período de um ano.  De acordo com alguns operadores da área, uma proposta muito abaixo disto pode tornar o objeto contratado irrealizável.

“Uma empresa não tem apenas salários para pagar. Tem impostos, obrigações trabalhistas e uma série de outras obrigações. Cobrar muito abaixo do que o que está sendo praticado no mercado pode gerar uma série de consequências, como o comprometimento da qualidade dos serviços e a não observação dos direitos e tributos. Infelizmente temos visto gente entrando nos processos licitatórios e derrubando concorrentes com propostas que não cobrem os gastos no final se todas as obrigações forem cumpridas. Isto é muito preocupante”, diz um operador do setor.

Locanty como exemplo de problemas – Nos bastidores do pregão uma velha conhecida da Justiça e do Ministério Público voltou a ser lembrada nos bastidores, a Locanty, empresa comandada pelo empresário João Alberto Fellipo Barreto, o Joãozinho da Locanty, que controlaria hoje várias firmas que prestam serviços de coleta de lixo, conservação e limpeza. É que sociedades empresariais ligadas a ele e ao irmão Pedro Ernesto Barreto deixaram dívidas trabalhistas em vários municípios, onde empresas Locanty, Própria, Rio Zin, Space e Laquix passaram ou ainda atuam.

Em janeiro de 2013, por exemplo, um levantamento publicado pela revista Exame mostrou a Locanty em 17º lugar numa lista com as 70 empresas mais processadas na Justiça do Trabalho. Um ano depois a Locanty foi alvo de uma ação na 7ª Vara Federal de Execução Fiscal do Rio de Janeiro, junto com as empresas Infornova Ambiental, Protact Serviços, Ambiental Service Limpeza e Conservação e Claufran Segurança Patrimonial.

Matérias relacionadas:

Empresas de lixo receberam R$ 237 milhões em Mangaratiba e mesmo assim complicam a Prefeitura na Justiça do Trabalho

Empresa da “Família Locanty” vence licitação do lixo em Itatiaia

Emergência do lixo favorece grupo Locanty em Paraty e empresas vão se sucedendo em vários municípios fluminenses

Grupo Locanty com os dias contados em Mangaratiba

Grupo Locanty se perpetua também em Valença

Empresa do grupo Locanty se beneficia com erros no edital e contrato da coleta de lixo vai sendo esticado pela Prefeitura de Rio Claro

Locanty e Multiprof deixam um rastro de destruição no estado

Locanty ferra mais um

Suspeita de ‘germes’ no dinheiro público em Volta Redonda: desinfetante de R$ 2,21 teria saído a R$ 21,90 a unidade

Envie seu comentário:

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *.