Vereadores de Carmo receberam “mesada” de empresa que fazia a coleta de lixo na cidade, aponta denúncia do Ministério Público

● Elizeu Pires

Cinco dos atuais 11 membros da Câmara e quatro ex-vereadores tiveram prisão preventiva decretada a pedido do Ministério Público

Cinco membros da Câmara Municipal de Carmo, cidade do interior do estado do Rio de Janeiro, foram denunciados pelo Ministério Público por receberem “mesada” para não fiscalizarem os pagamentos feitos pelo serviço de coleta de lixo na cidade, objeto de contratos fraudulentos, segundo apurou o MP. Os vereadores Rita Estefânia Gozzi Farsura, a Faninha – que está em prisão domiciliar desde março -, Romerito Jose Wermelinger Ribeiro, Juliano de Souza Braga, Valquiria Aparecida de Moraes e Samuel Cassio Cunha, o Samuel da Livração, foram alvos ontem (5) da terceira fase da Operação Chorume, realizada om apoio de agentes da 112ª DP.

Ontem foram cumpridos 22 mandados de busca e apreensão, além de 11 de prisão preventiva. Ao todo a Promotoria de Justiça de Carmo denunciou 23 pessoas, entre empresários, ex-membros da administração municipal, o ex-prefeito Paulo Cesar Ladeira, preso em operação anterior, e os ex-vereadores Marco Antonio Pereira Dalboni,  Salvador Carvalho de Oliveira, Wilde Rodrigues Curty e Ana Cláudia Ribeiro Fernandes. As investigações do Ministério Público apontam que as fraudes nos contratos da coleta de lixo causaram prejuízo de R$ 40 milhões aos cofres públicos.

Crime em família – Pelo que foi apurado, as empresas Limpeza Urbana e a Forte Ambiental, ganharam contratos superfaturados no período de 2017 a 2020, por meio do pagamento de propina a agentes públicos. De acordo com o MP, Faninha, Romerito, Valquiria, Marco Dalboni e Samuel aprovaram a abertura de crédito adicional suplementar para garantir que as faturas apresentadas pela Forte Ambiental fossem pagas. A partir de nova representação da Promotoria foi mantida a prisão domiciliar de Faninha e decretada a prisão preventiva de Romerito, Samuel, Valquíria, Juliano, Marco e Salvador.

Ainda segundo as investigações, os irmãos Wesley Ferreira Pessanha e Celciomar Ferreira Pessanha, “exerciam o comando do núcleo empresarial da organização criminosa”.  O MP aponta que Wesley “liderava o grupo, coordenando as atividades dos demais comparsas, relacionadas aos crimes de corrupção, peculato e lavagens de dinheiro por meio da realização de investimentos em criptoativos de difícil rastreio, dentre outras manobras”.

Ainda de acordo com a Promotoria, os dois atuavam no município desde 2016, “com objetivo de obter vantagens espúrias em contratações públicas, quando apoiaram financeiramente a campanha de Paulo Cesar Ladeira, reeleito na eleição daquele ano”. A denúncia aponta que a mãe deles, Selma Ferreira Pessanha, também participava da organização.

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